domingo, agosto 31
Mais Ecos Pretéritos...
"Amor Criptografado - O teimar em sê-lo renitente não, mesmo sendo sim. O sonhar no impossível em vão, já sabedor do fim. O apegar-se às estrelas, já caindo ao inevitável e risível chão. O apaixonar-se emudecendo assim, somente medo, navegar à solidão nesse mar se esvaindo de mim..."
"Amor Criptografado - O teimar em sê-lo renitente não, mesmo sendo sim. O sonhar no impossível em vão, já sabedor do fim. O apegar-se às estrelas, já caindo ao inevitável e risível chão. O apaixonar-se emudecendo assim, somente medo, navegar à solidão nesse mar se esvaindo de mim..."
sexta-feira, agosto 29
La Nuit, Chico & Caetano - Lendo o Funny Valentine nesta noite serena, ao som de "Meus Caros Amigos" do Chico, percebo, através dos alfarrábios binários que guardam-lhe os tesouros escritos, que a autora do belíssimo blog homenageou recentemente Caetano Veloso em seus 61 anos. O texto me faz relembrar a mesma emoção que rendeu uma outra homenagem - há um ano aqui no Anomia - num doce embalo que me acompanhará o sono:
"O bom vinho (tinto) Caetano chega aos sessenta anos biológicos ...e os Deuses, juntamente com o talento ímpar de Geneton Moraes Neto (sempre ele no honroso mister de extrair-lhe os melhores devaneios ) nos trouxeram ótima entrevista no Fantástico hoje de noite. É difícil estar imune a Caetano. Indagado se havia palavra a defini-lo melhor, o Baiano vaticinou: "Não." Após alguns segundos complementa:"Não, é a palavra." Caetano é saboroso... meu Margaux, Petrus predileto. Desde a Tropicália ele é vanguarda e continua a sê-lo.
Eu, um renitente poetaço e romântico deslumbrado que sou, resgato estas mal-traçadas linhas dos idos de Dezembro de 2000:
Saudades
Saudade da nesga de mar que advinha buliçosa
da brecha entre os pilares do prédio vizinho.
Saudade do beijo molhado, do enlace de corpos,
amálgama infinito num meio sem fim.
Saudade do poeta, pretérito Caetano,
não tão light nem clean.
Saudade de mim e de você,
do Jobim, do Chê, do incerto insano.
Saudade da rua, espada nua,
do sono quedado, Praia infinda.
Saudade utópica, telúrico pecado,
do conceito de Deus, além dos confins.
Saudade da réstia de vento que vinha do mar,
da vinha e do tempo a moldar o vinho."
"O bom vinho (tinto) Caetano chega aos sessenta anos biológicos ...e os Deuses, juntamente com o talento ímpar de Geneton Moraes Neto (sempre ele no honroso mister de extrair-lhe os melhores devaneios ) nos trouxeram ótima entrevista no Fantástico hoje de noite. É difícil estar imune a Caetano. Indagado se havia palavra a defini-lo melhor, o Baiano vaticinou: "Não." Após alguns segundos complementa:"Não, é a palavra." Caetano é saboroso... meu Margaux, Petrus predileto. Desde a Tropicália ele é vanguarda e continua a sê-lo.
Eu, um renitente poetaço e romântico deslumbrado que sou, resgato estas mal-traçadas linhas dos idos de Dezembro de 2000:
Saudades
Saudade da nesga de mar que advinha buliçosa
da brecha entre os pilares do prédio vizinho.
Saudade do beijo molhado, do enlace de corpos,
amálgama infinito num meio sem fim.
Saudade do poeta, pretérito Caetano,
não tão light nem clean.
Saudade de mim e de você,
do Jobim, do Chê, do incerto insano.
Saudade da rua, espada nua,
do sono quedado, Praia infinda.
Saudade utópica, telúrico pecado,
do conceito de Deus, além dos confins.
Saudade da réstia de vento que vinha do mar,
da vinha e do tempo a moldar o vinho."
quinta-feira, agosto 28
FLashBlog!!! - O Primeiro foi tão rápido que nem deu para postar aqui no Anomia.
O segundo já tem uma nova comandante designada. E não haveria escolha melhor, pois a Funny já foi uma das mais atuantes e divertidas durante a primeira edição.
Ainda não sabe o que é FlashBlog? Pois acesse aqui, descubra e participe!
O segundo já tem uma nova comandante designada. E não haveria escolha melhor, pois a Funny já foi uma das mais atuantes e divertidas durante a primeira edição.
Ainda não sabe o que é FlashBlog? Pois acesse aqui, descubra e participe!
Ecos...
"Reminiscências da Casa Amarela e da UFC:
Lendo o blog do Primo Jung, vejo que é latente sua saudade da velha Salamanca. Zapeando ao mais charmoso site-em-blog da web, leio sobre a saudade da Prima Dorothy, de Oz. Claro que não é a mesma Oz do célebre filme de 1939, mas peço vênia à licença poética.
Assim sendo, eu embarco também, em meio à pilha de alfarrábios e papéis que avolumam-se em minha mesa na tarde de hoje, nas doces recordações da época em que meu desejo maior era cursar Cinema. De preferência, em Cuba.
Por vários motivos, o desejo de tornar-me um cineasta não se concretizou. Veio então o curso que me pareceu mais ligado às minhas inclinações profissionais, Comunicação Social na UFC, iniciado em 1991. Na mesma época, fiz vários cursos de cinema através da Secretaria de Cultura do Estado. O primeiro, entretanto, foi Cinema e Vídeo na Casa Amarela. Foi ministrado pelo saudoso e inesquecível Eusélio Oliveira. Suas aulas eram verdadeiras odes à rebeldia e à sétima-arte. Ele bradava seu amor ao cinema e repúdio à inércia artística e política. Eusélio era puro movimento. E vanguarda. Seu assassinato foi mais uma perda insubstituível da arte e da retórica. Seu legado artístico, entretanto, continua bastante vivo na Casa Amarela Eusélio Oliveira.
Lembro também da dileta companhia - apenas para citar alguns nomes, recordo agora de Jocélio leal, Luizianne Lins, Renato Abreu e Sidrônio Henrique - do Cantinho do Céu e sua cerveja gelada. Das calouradas e dos festivais na Casa Amarela.
A decisão de inclinar-se às letras jurídicas sempre me pareceu o fim de um sonho, de certa forma uma capitulação. Mas, hoje percebo que não o foi tanto assim. Minha militância no direito administrativo revela um pouco da mesma contestação que eu desejava ver alavancada através do cinema. O Estado - lato sensu, em atitudes omissivas e comissivas, pisoteia sua própria Constituição. Daí a inclinação à minha atual advocacia.
Dos idos da época do curso de Comunicação Social na UFC e da Casa Amarela, muitas recordações.
Eu até gostaria de retornar a tudo isso, não fosse o fato de nunca ter saído de lá...
E la nave va..."
"A eternidade que há em um segundo (o sabor do tempo) :
Relembro uma frase dita pelo meu grande amigo e genitor, ao despedir-se de um grupo de amigas que regressavam à sua terra natal, após tê-las ciceroneado pela noite alencarina: "Essa pode ser a última vez que nos veremos em toda nossa vida". A frase foi de logo refutada pelas turistas, tendo tal fato ocorrido há uns quinze anos. Na ocasião, meu pai explicou-lhes que, apesar do desejo de voltar a visitar Fortaleza, por inúmeros motivos que a própria razão desconhece, os percalços e rumos da vida poderiam evitar que eles se encontrassem novamente. Todos riram e refutaram a possibilidade, prometendo reencontrar-se logo na próxima temporada de férias. Resumo da ópera: Perderam completamente o contato.
Esse fato me transfere a, "O Encontro Marcado", talvez a melhor obra de Fernando Sabino, onde o jovem personagem, Eduardo Marciano, faz um pacto com os seus melhores amigos para que se reencontrem anos depois. O livro é lindo e prova muito do que há de efêmero nos momento eternos de nossas vidas, paradoxos à parte.
O que será que existe, além da marca indelével do sentimento, em nossos momentos? Terão os personagens imortais de Casablanca, vividos por Bogart e Bergman, desfrutado de mais um segundo de amor após a sua despedida célebre? Elucubrações de um notívago romântico...Notívago à madrugada de sábado. Elucubrações várias nessa selva de papel virtual binário...
Eu espero eternos todos os momentos efêmeros que pontuam meu existir. No passado, houve um beijo que foi efêmero, embora eterno por ter sido o último. Embora os mesmos lábios, desatinos e desejos distintos a nortear-lhes o beijo. Um único olhar, imortalizado no tempo. Lindos olhos da amiga. Eterno enquanto efêmero. E eu nem imaginava que aquele primeiro seria o último. Foi único, mas até hoje eu não esqueço. Quão maravilhoso é o sabor do tempo..."
"Reminiscências da Casa Amarela e da UFC:
Lendo o blog do Primo Jung, vejo que é latente sua saudade da velha Salamanca. Zapeando ao mais charmoso site-em-blog da web, leio sobre a saudade da Prima Dorothy, de Oz. Claro que não é a mesma Oz do célebre filme de 1939, mas peço vênia à licença poética.
Assim sendo, eu embarco também, em meio à pilha de alfarrábios e papéis que avolumam-se em minha mesa na tarde de hoje, nas doces recordações da época em que meu desejo maior era cursar Cinema. De preferência, em Cuba.
Por vários motivos, o desejo de tornar-me um cineasta não se concretizou. Veio então o curso que me pareceu mais ligado às minhas inclinações profissionais, Comunicação Social na UFC, iniciado em 1991. Na mesma época, fiz vários cursos de cinema através da Secretaria de Cultura do Estado. O primeiro, entretanto, foi Cinema e Vídeo na Casa Amarela. Foi ministrado pelo saudoso e inesquecível Eusélio Oliveira. Suas aulas eram verdadeiras odes à rebeldia e à sétima-arte. Ele bradava seu amor ao cinema e repúdio à inércia artística e política. Eusélio era puro movimento. E vanguarda. Seu assassinato foi mais uma perda insubstituível da arte e da retórica. Seu legado artístico, entretanto, continua bastante vivo na Casa Amarela Eusélio Oliveira.
Lembro também da dileta companhia - apenas para citar alguns nomes, recordo agora de Jocélio leal, Luizianne Lins, Renato Abreu e Sidrônio Henrique - do Cantinho do Céu e sua cerveja gelada. Das calouradas e dos festivais na Casa Amarela.
A decisão de inclinar-se às letras jurídicas sempre me pareceu o fim de um sonho, de certa forma uma capitulação. Mas, hoje percebo que não o foi tanto assim. Minha militância no direito administrativo revela um pouco da mesma contestação que eu desejava ver alavancada através do cinema. O Estado - lato sensu, em atitudes omissivas e comissivas, pisoteia sua própria Constituição. Daí a inclinação à minha atual advocacia.
Dos idos da época do curso de Comunicação Social na UFC e da Casa Amarela, muitas recordações.
Eu até gostaria de retornar a tudo isso, não fosse o fato de nunca ter saído de lá...
E la nave va..."
"A eternidade que há em um segundo (o sabor do tempo) :
Relembro uma frase dita pelo meu grande amigo e genitor, ao despedir-se de um grupo de amigas que regressavam à sua terra natal, após tê-las ciceroneado pela noite alencarina: "Essa pode ser a última vez que nos veremos em toda nossa vida". A frase foi de logo refutada pelas turistas, tendo tal fato ocorrido há uns quinze anos. Na ocasião, meu pai explicou-lhes que, apesar do desejo de voltar a visitar Fortaleza, por inúmeros motivos que a própria razão desconhece, os percalços e rumos da vida poderiam evitar que eles se encontrassem novamente. Todos riram e refutaram a possibilidade, prometendo reencontrar-se logo na próxima temporada de férias. Resumo da ópera: Perderam completamente o contato.
Esse fato me transfere a, "O Encontro Marcado", talvez a melhor obra de Fernando Sabino, onde o jovem personagem, Eduardo Marciano, faz um pacto com os seus melhores amigos para que se reencontrem anos depois. O livro é lindo e prova muito do que há de efêmero nos momento eternos de nossas vidas, paradoxos à parte.
O que será que existe, além da marca indelével do sentimento, em nossos momentos? Terão os personagens imortais de Casablanca, vividos por Bogart e Bergman, desfrutado de mais um segundo de amor após a sua despedida célebre? Elucubrações de um notívago romântico...Notívago à madrugada de sábado. Elucubrações várias nessa selva de papel virtual binário...
Eu espero eternos todos os momentos efêmeros que pontuam meu existir. No passado, houve um beijo que foi efêmero, embora eterno por ter sido o último. Embora os mesmos lábios, desatinos e desejos distintos a nortear-lhes o beijo. Um único olhar, imortalizado no tempo. Lindos olhos da amiga. Eterno enquanto efêmero. E eu nem imaginava que aquele primeiro seria o último. Foi único, mas até hoje eu não esqueço. Quão maravilhoso é o sabor do tempo..."
Um Carro Impróprio Para Corridas? - Pois é essa a conclusão que se tem após a leitura da seguinte notícia do Uol, haja vista que a quebra da suspensão da Ferrari no GP da Hungria, segundo o comunicado oficial da própria escuderia, aconteceu por culpa de Rubens Barrichello. Eles só devem ter esquecido do fato que essa explicação esdrúxula pode nortear a cabeça do piloto brasileiro nas últimas corridas do ano, justamente quando a escuderia italiana mais dependerá dele, até então um fiel seguidor da cartilha imposta por Maranello e atualmente já sem a garantia de renovação de contrato após a temporada 2004. Ressaltando também, outrossim, que o campeonato de pilotos e de construtores poderá vir a depender justamente do Rubinho. A Ferrari só não explicou o porquê das tantas falhas que prejudicaram o piloto tupiniquim durante toda a temporada de 2003. Coisas de Fórmula 1... Eu, pessoalmente, entendo que essa notícia decide o Campeonato de 2004, se depender do Rubinho. Não obstante eu não falar muito de esporte neste espaço anômico, vale pelo desabafo... :)
terça-feira, agosto 26
segunda-feira, agosto 25
sexta-feira, agosto 22
Mais Uma Belíssima Foto by Gentil Barreira, linkada do sítio da PGJ/CE
Praia de Tatajuba - Tatajuba Beach
Camocim, Ceará - Brasil
Mudança no Roteiro - De última hora, decidi rumar ao encontro de Camocim, uma cidade praiana do vasto litoral alencarino ainda desconhecida para este escriba, alterando os planos traçados anteriormente. A maravilhosa Canoa Quebrada fica para outra viagem, pois hei de desvendar os mistérios de Camocim. Hasta la victoria, siempre, amigos!
Música no Anomia - Habemus música! Quem aguardar um pouco o lento carregar da página principal daqui, há de percerber que há música novamente nestas paredes outrora gélidas e emudecidas.
Fotolog! - Postei novos ensaios lá no Fotolog - Anomia in Photo , inclusive um novo auto-retrato num plongè interessante, tirado em Pasárgada há alguns dias.
quarta-feira, agosto 20
Belíssima Foto acima by Gentil Barreira, linkada do sítio da PGJ/CE
Novamente no Rumo de Canoa - O fim de semana se aproxima e me preparo para nortear-me no caminho de Canoa Quebrada, uma das mais belas praias alencarinas. Sobre ela já escrevi aqui pelo Anomia:
Sob o Céu de Canoa - A beleza sublime da natureza de Canoa Quebrada promove momentos inesquecíveis. Ao cair da noite, enquanto o sol se punha relutante além das dunas, a lua já surgia no outro extremo do quadro, em meio ao mar agitado. Quase toda costa se tornara uma imensa praia deserta. Enquanto isso, a noite caía sobre tudo e todos.
Minha identificação com a lua e praias desertas foi a principal causa da idéia de escrever "Praia". Definitivamente, há poucas coisas mais belas na natureza.
Não cheguei até o Pontal do Maceió pela praia, porque havia o Rio Jaguaribe no meio do caminho. Apesar do piloto e do carro, o conjunto não é anfíbio, ainda.
As dunas são espetaculares também em Canoa. Desbravá-las é uma tarefa difícil, mas saborosa. Trilhas off-road são um dileto programa, principalmente quando a companhia é de excelente qualidade. Melhor ainda, se você não tem compromisso com horário e na vitrola tá tocando Across The Universe.
O pequeno trecho que liga a praia de Icapuí até Canoa é lírico. A Broadway é bem mais simpática que a Broadway.
segunda-feira, agosto 18
Uma Estrela em Concreto
Eu só queria uma estrela no céu desta noite
Onde eu pudesse encontrar o meu nirvana
Um monte de cousas espalhadas no canto
E rir meu riso e derramar meu pranto, apenas
Eu queria poder desvendar os teus sorrisos
ler-te meus causos e desfrutar do teu beijo
Poder sentir o gosto do teu corpo e cheiro
Num enlace disrítmico perceber-te o encanto
Subir no palco onde bailam os teus passos
E merecer por um só instante que fosse
O tempo que me compõe tanta beleza
E lá no alto onde eu queria uma estrela
será se encontraria contigo nos sonhos?
Eu só queria uma estrela no céu desta noite...
Eu só queria uma estrela no céu desta noite
Onde eu pudesse encontrar o meu nirvana
Um monte de cousas espalhadas no canto
E rir meu riso e derramar meu pranto, apenas
Eu queria poder desvendar os teus sorrisos
ler-te meus causos e desfrutar do teu beijo
Poder sentir o gosto do teu corpo e cheiro
Num enlace disrítmico perceber-te o encanto
Subir no palco onde bailam os teus passos
E merecer por um só instante que fosse
O tempo que me compõe tanta beleza
E lá no alto onde eu queria uma estrela
será se encontraria contigo nos sonhos?
Eu só queria uma estrela no céu desta noite...
sábado, agosto 16
Suspiros Pretéritos
"Pouco Tempo
Tanto tempo desse amor insensato.
Porque se não é insensato não é amor.
Tanto tempo desse amálgama de corpos.
Perdi a noção do meu começo e seu fim.
Tanto tempo amando-te sem pensar.
Porque o pensamento não se coaduna.
Tanto tempo sendo tão feliz assim.
Porque sem você eu deixo de ser."
"Soneto de Sonhos
Há dor nas palavras de adeus.
Ardor nas palavras de adeus.
Amor há nas tuas palavras.
Há cor nos sabores só teus.
Cores e sabores das palavras.
Ardores que há nas palavras.
Amores meus há sem cores.
Sabores que o tempo comeu.
Sou somente o que penso.
Sou só e sou só um amor.
Sou só medo, sou sofisma.
Há dores onde peço perdão
Há mares onde peco paixão
Amores só eu sou solidão"
"Pouco Tempo
Tanto tempo desse amor insensato.
Porque se não é insensato não é amor.
Tanto tempo desse amálgama de corpos.
Perdi a noção do meu começo e seu fim.
Tanto tempo amando-te sem pensar.
Porque o pensamento não se coaduna.
Tanto tempo sendo tão feliz assim.
Porque sem você eu deixo de ser."
"Soneto de Sonhos
Há dor nas palavras de adeus.
Ardor nas palavras de adeus.
Amor há nas tuas palavras.
Há cor nos sabores só teus.
Cores e sabores das palavras.
Ardores que há nas palavras.
Amores meus há sem cores.
Sabores que o tempo comeu.
Sou somente o que penso.
Sou só e sou só um amor.
Sou só medo, sou sofisma.
Há dores onde peço perdão
Há mares onde peco paixão
Amores só eu sou solidão"
sexta-feira, agosto 15
La Joie de Vivre in Blog - Para quem gosta de boas notícias e literatura, a Meg criou o Concurso de Narrativas Breves "Haroldo Maranhão". Além de ter um dos melhores blogs do planeta - o Sub Rosa - ela também, através da sua brilhante iniciativa, homenageia o escritor Haroldo Maranhão e ainda oferece prêmios aos primeiros colocados do concurso. Clique na imagem acima e participe!
quarta-feira, agosto 13
À Lua Prateada de Maio, foi dito:
"Reality Shows, The Sims e Otras Cositas Más... - Eu já comentei aqui anteriormente sobre os shows televisivos pretensamente inspirados no famoso romance de George Orwell. Parece que o grande "barato" que nos querem empurrar no início de século é apreciar um paradoxal espelho diante das telas de tv, diante de nossos olhos. Consumismo desenfreado, vidas descartáveis, relacionamentos idem e guerras virtuais são algumas das novas personagens que advém do espelho nosso de cada dia. Hoje, me chama a atenção uma notícia do UOL sobre a nova versão do jogo The Sims - uma febre que retrata a vida de alguns "tomagoshi" binários no real estilo american way of life e já possui algumas centenas de milhares de adeptos pelo nosso planetinha - mostra que o jogo poderá ser apreciado "ad aeternum" pelo usuário do simulador de vida. A simbologia é irrefutável, pois o paradoxal espelho que nos observa é o verdadeiro algoz de um público cada vez mais enclausurado.
Os reality shows e os seus personagens ou bonequinhos de plantão que me perdõem,mas a beleza da vida ao vivo me parece fundamental. Quer seja a emoção que há em um abraço apertado ou um beijo em "slow motion", quer seja um encontro de olhares ou um enlace de corpos, tudo isso não é mensurável.
A tônica do novo cotidiano parece ser o viver virtual. Por isso eu sempre destaco por aqui o grande show global que é despejado pela grande dama nua. Aquela mesma que com uma agulha de dor, amor, em meu coração tatua...:
Convite ao nosso encontro de hoje:
Primeiro, ela não se revelou por inteiro, pudicamente foi chegando remansosa.
Em pequenos espasmos de luz, fui sentindo o seu gosto, sua beleza.
Fui corrompido em minha retidão pelo seu charme sem par.
Mansidão que me envolveu num átimo. Companheira, até os confins.
E me chegou toda, desposei-me com ela em minha elucubrações.
Ela me confessa que irá mostrar-se hoje, novamente.
E eu vos convido a desfrutar desse espetáculo, que por poucos segundos é só nosso.
E nada mais "reality" nesse show tão global, que é o seu despertar desnuda.
Nascer que há de ser compartilhado pelos libertos.
Mesmo que distantes, estamos todos em sua sintonia.
Usurpa, do sol, raios que espelha em nossas mentes inférteis.
Lua eu te aguardo hoje em tua gênese.
Convido a todos. Sejamos espectadores passageiros por um minuto!
Quando passarmos, ela há de nos observar. Mas hoje, é só nossa.
Lua cheia, luar que ela me prometeu.
Paremos nossas máquinas, observemos o cosmos.
Divido com todos esse nascer de hoje. Festejêmo-la! "
E la nave va..."
Ao ocaso da Lua Prateada de Maio, também foi dito:
"Fiat Lux - O ocaso da lua por alguns fragmentos de tempo, logo mais, nos unirá em torno de uma das atividades mais antigas e letárgicas da humanidade: o observar do cosmos. Habemus eclipse, pois não. Ver-te lua, em sua indumentária celeste, em se afastando de nossos olhares, me revelará mais ainda, num espetáculo paradoxal da natureza. Um Eclipse Oculto aos céus de muitos, mas nuestro privilégio. Los Hermanos em uníssono na Latinoamerica hão de contemplar-te à cumplicidade desapercebida. Hasta la victoria siempre? Gargalhadas e Lágrimas...
Querendo, ouça um excerto do Eclipse."
segunda-feira, agosto 11
Les Jardin de Versailles, foto tirada em 2002 - Photo by Emerson Damasceno
Bandeira e Quintana - Enquanto observo, emudecido, o descansar do dia no horizonte nebuloso, sobrevivem à cinza das horas as palavras dos saudosos poetas...
"Se as coisas são inatingíveis -ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas"
(Mário Quintana - "Das Utopias")
"Não te doas do meu silêncio.
Estou cansado de todas as palavras
Não sabes que te amo ?
Pousa a mão na minha testa :
Captarás numa palpitação inefável
O sentido da única palavra essencial
-- Amor."
(Manuel Bandeira - "Pousa a Mão na Minha Testa)
"...o sol tão claro lá fora,
o sol tão claro, Esmeralda,
e em minhalma — anoitecendo."
(Bandeira in Rondó dos Cavalinhos)
Post Scriptum: Mais fotos minhas no Fotolog.
Primeiro FlashMob Tupiniquim - É o que noticia o UOL. As "multidões-relâmpago" no Brasil já possuem até uma página de discussão no Yahoo. Uma das que estão à frente da iniciativa é a jornalista Rosana Hermann, do versátil blog Querido Leitor.
Quem ainda não conhece o "FlashMob" (multidão instantânea ou relâmpago, como queira), pode ler uma outra matéria da BBC Brasil .
O Antena Paranóica do Nonato Albuquerque, como sempre se antecipando às notícias dos matutinos, também já tinha divulgado em ótimo texto a inusitada nova onda mundial.
Para não dizer que não falei de amenidades por aqui no Anomia, além de poesia que me acalma a alma. Aliás, o belo luar de hoje é minha testemunha...
E la nave va...
domingo, agosto 10
Pais e Filhos - Ao meu, a mim e a todos - Mesmo reticente, sempre, em relação às datas comemorativas e sua explícita exploração comercial, volto a me render ao dia de hoje, por vários motivos. Aliás, por dois motivos bem especiais.
Em homenagem ao meu pai, amigo e colega, republico uma letra de sua predileção. Afinal, falemos sempre de amor, em época de tanta falta de, justamente o tema desta célebre música do mestre Jobim, a qual me serve a este módico preito ao meu ilustre leitor - de quem tive a honra de herdar esses genes românticos inveterados que não nos deixam passar pela vida com o coração incólume às pungências do amor - pois sei que ele também a cultua como uma das mais lindas do Maestro:
Falando de Amor
Antonio Carlos Jobim
1979
Se eu pudesse por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te juro, te daria
Se pudesse esse amor todo dia
Chega perto, vem sem medo
Chega mais meu coração
Vem ouvir esse segredo
Escondido num choro canção
Se soubesses como eu gosto
Do teu cheiro, teu jeito de flor
Não negavas um beijinho
A quem anda perdido de amor
Chora flauta, chora pinho
Choro eu o teu cantor
Chora manso, bem baixinho
Nesse choro falando de amor
Quando passas, tão bonita
Nessa rua banhada de sol
Minha alma segue aflita
E eu me esqueço até do futebol
Vem depressa, vem sem medo
Foi pra ti meu coração
Que eu guardei esse segredo
Escondido num choro canção
Lá no fundo do meu coração.
Para quem quer ler e ouvir mais sobre Tom Jobim:
Clube do Tom
Site Oficial do Tom no Uol
Em homenagem ao meu pai, amigo e colega, republico uma letra de sua predileção. Afinal, falemos sempre de amor, em época de tanta falta de, justamente o tema desta célebre música do mestre Jobim, a qual me serve a este módico preito ao meu ilustre leitor - de quem tive a honra de herdar esses genes românticos inveterados que não nos deixam passar pela vida com o coração incólume às pungências do amor - pois sei que ele também a cultua como uma das mais lindas do Maestro:
Falando de Amor
Antonio Carlos Jobim
1979
Se eu pudesse por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te juro, te daria
Se pudesse esse amor todo dia
Chega perto, vem sem medo
Chega mais meu coração
Vem ouvir esse segredo
Escondido num choro canção
Se soubesses como eu gosto
Do teu cheiro, teu jeito de flor
Não negavas um beijinho
A quem anda perdido de amor
Chora flauta, chora pinho
Choro eu o teu cantor
Chora manso, bem baixinho
Nesse choro falando de amor
Quando passas, tão bonita
Nessa rua banhada de sol
Minha alma segue aflita
E eu me esqueço até do futebol
Vem depressa, vem sem medo
Foi pra ti meu coração
Que eu guardei esse segredo
Escondido num choro canção
Lá no fundo do meu coração.
Para quem quer ler e ouvir mais sobre Tom Jobim:
Clube do Tom
Site Oficial do Tom no Uol
sexta-feira, agosto 8
Fotolog - Também aderi à febre do Fotolog, onde estou armazenando algumas experiências com a máquina digital. Abaixo, um registro da viagem que fiz em 2002, sobre a qual já mencionei aqui no Anomia algumas vezes.
Tour Eiffel, Paris. Foto tirada em 2002 de La place du Trocadéro
Photo by Emerson Damasceno
Só Lembranças - Adentrando minha "Coletânea", como já bem disse o intrépido amigo Gabriel, pinço os seguintes trechos, escritos em 23.10.2002 e 17.08.2002, respectivamente:
"Coluna do Portal - O Portal Verdes Mares publicou meu mais recente texto, que na verdade é uma compilação dos escritos aqui do Anomia. Minha coluna chama-se La Joie de Vivre. Se você quiser conferi-la e assustar-se com a minha foto, clique aqui.
Luis Buñuel - O maior expoente do surrealismo na sétima-arte é o espanhol Luis Buñuel. Diretor e Roteirista de clássicos como A Bela da Tarde, Esse Obscuro Objeto do Desejo, Via Láctea (talvez sua obra-prima) e O Discreto Charme da Burguesia, dentre vários. Quem ainda não conhece sua extensa filmografia tem uma grande lacuna cinematográfica. Não fosse minha admiração a Sergéi Eisenstein, ele não dividiria com o russo autor de Outubro e Encouraçado Potekim, o trono de melhor Diretor da Europa. É um dos melhores do mundo, na verdade. Algumas películas têm mais de 50 (cinquenta) anos de produzidas. Buñuel, também exímio roteirista, absorveu muito do pensamento do amigo Salvador Dalí, com quem dividiu os créditos do roteiro de Um Cão Andaluz, produzido em 1929."
"Antes de nortear-me no rumo da festa natalícia do Beócio Serrano (já tramitando há horas no Pecém), alguns espasmos mentais a esmo:
2001, de Kubrick, inesquecível porque une o Strauss vienense de Danúbio Azul e o Strauss Nitzsceheniano de Zarathustra.
O meu maior devaneio intelectual, a construção Marx-Freudiana a definir a economia, é excitante.
Mesmo após tornar-me um balzaquiano, ainda não apreendi a concretude do abstrato que há no existir.
Há mais emoção em Hamburgo do que em Abbey Road.
O pulso que acredito existir em minhas veias é essencialmente romântico.
Há mais sentido na insensatez da paixão do que no acordar diário no aguardo do nada-por-vir.
A obra de Sebastião Salgado é iluminada, literalmente.
O surrealismo Kafkiano é mais real do que a porta que cerra-se à nossa cara todo dia.
Meu existir repousa hoje, também, no amar-te."
Tour Eiffel, Paris. Foto tirada em 2002 de La place du Trocadéro
Photo by Emerson Damasceno
Só Lembranças - Adentrando minha "Coletânea", como já bem disse o intrépido amigo Gabriel, pinço os seguintes trechos, escritos em 23.10.2002 e 17.08.2002, respectivamente:
"Coluna do Portal - O Portal Verdes Mares publicou meu mais recente texto, que na verdade é uma compilação dos escritos aqui do Anomia. Minha coluna chama-se La Joie de Vivre. Se você quiser conferi-la e assustar-se com a minha foto, clique aqui.
Luis Buñuel - O maior expoente do surrealismo na sétima-arte é o espanhol Luis Buñuel. Diretor e Roteirista de clássicos como A Bela da Tarde, Esse Obscuro Objeto do Desejo, Via Láctea (talvez sua obra-prima) e O Discreto Charme da Burguesia, dentre vários. Quem ainda não conhece sua extensa filmografia tem uma grande lacuna cinematográfica. Não fosse minha admiração a Sergéi Eisenstein, ele não dividiria com o russo autor de Outubro e Encouraçado Potekim, o trono de melhor Diretor da Europa. É um dos melhores do mundo, na verdade. Algumas películas têm mais de 50 (cinquenta) anos de produzidas. Buñuel, também exímio roteirista, absorveu muito do pensamento do amigo Salvador Dalí, com quem dividiu os créditos do roteiro de Um Cão Andaluz, produzido em 1929."
"Antes de nortear-me no rumo da festa natalícia do Beócio Serrano (já tramitando há horas no Pecém), alguns espasmos mentais a esmo:
2001, de Kubrick, inesquecível porque une o Strauss vienense de Danúbio Azul e o Strauss Nitzsceheniano de Zarathustra.
O meu maior devaneio intelectual, a construção Marx-Freudiana a definir a economia, é excitante.
Mesmo após tornar-me um balzaquiano, ainda não apreendi a concretude do abstrato que há no existir.
Há mais emoção em Hamburgo do que em Abbey Road.
O pulso que acredito existir em minhas veias é essencialmente romântico.
Há mais sentido na insensatez da paixão do que no acordar diário no aguardo do nada-por-vir.
A obra de Sebastião Salgado é iluminada, literalmente.
O surrealismo Kafkiano é mais real do que a porta que cerra-se à nossa cara todo dia.
Meu existir repousa hoje, também, no amar-te."
quinta-feira, agosto 7
Café de Nuit - Van Gogh
Reminiscências da Noite III - Encerrando a trilogia de recordações noturnas e errantes, mais dois breves resquícios do passado distante que me traz a poeira do tempo:
Amálgama de Formas
Eu te encontro, num instante, em meio à turva multidão.
Nossas palavras mudas. Aperto tua mão sem ver-te inteira.
Colo meu rosto ao teu, ofegantes são as respostas.
Meu amor, emudecido no tempo, teu melodioso arfar.
Nunca repetiremos esse momento. Embora eterno.
Aperto de mãos que pairam no espaço de um quarto.
Os segundos arrastam-se disrítmicamente em torpor.
Corpos que completam-se envoltos numa química única.
Um doce balé pontuado por beijos que deixam marcas.
Ao clímax, perdem-se os nortes de todos os sentidos.
Uma única parte formada por dois lados harmônicos.
Corpos suados desobedecem os comandos, largados.
Olhos cerrados que enxergam mais do que vislumbravam.
O largar-se à cama, olhos fixos, beijos que marcam.
O ir-se em um segundo, para todo o sempre, jamais...
Concreto Adeus
Você esqueceu de dizer que meu olhar era retilínio, uniforme, mas unilateral.
O som do Jazz na Zug, ontem, nunca havia sido tão saboroso.
Eu não estava apaixonado. Não tão apaixonado assim.
Lembrei de Notting Hill, não sei o porquê disso.
Mas eu confesso que eu suspirei sim.
Lembrei do teu melodioso olhar.
Que foi sumindo na noite.
Até que pouco restou.
De concreto, seu.
Dentro de mim.
Mas, foi bom.
E Foi sim.
Fui sim.
Fui.
terça-feira, agosto 5
Van Gogh, La Nuit Etoilee a St. Remy
Reminiscências da Noite II - Há pouco a ser dito hoje. Assim sendo, relembro que há um ano, já destilava aqui uma nesga do meu desejo, materializado nos ensaios La Joie de Vivre (em quatro tempos) e Labirintos, os quais parecem se coadunar, apesar de tão díspares em tempo-espaço:
La joie de vivre:
Bobo romântico e réu-confesso que sou, além de um frustrado poetaço, insisto em uma idéia renitente, acerca do que move a humanidade em seus destinos e conquistas. Uma construção capenga que me permiti fazer, dando conta de que a tal "superestrutura" de Marx, antes de moldar a "infraestrutura" social do Estado, tinha como supedâneo a satisfação da libido. Capenga, haja vista que me foge absoluta competência para discorrer sobre sociologia ou mesmo aprofundar-me nos mistérios da obra Freudiana. Mesmo assim, insisto nesse devaneio Freud-Marxista a me satisfazer as dúvidas dos motivos que levam à buscarem a humanidade algum desiderato.
Por isso, vislumbro ímpar magnitude à paixão, aos deslumbres e à insensatez que permeia o amor. Amor é, por si só, pura anomia!
Ontem me lancei em algumas aventuras cinematográficas pelo frame-a-cabo.
Posto isto, apesar da minha hermética atitude de não abir concessão ao Tim Sam no que tange à Sétima Arte, ontem lembrei-me de algumas exceções feitas. Assistindo novamente ao filme "O Náufrago", de Bob Zemicks, o mesmo diretor de "Back to The Future", retive à retina uma cena que julgo de grande lirismo, onde as personagens de Tom Hanks e Helen Hunter se reencontram numa simbiose metafórica de chuva e lágrimas. Uma pintura em celulóide, onde a analogia à Nona de Ludwig é realizada num átimo. A cena é pautada pela mesma força pulsante que ameaça desaguar numa explosão colossal a qualquer momento. No filme, os deuses banham o casal com as águas-de-março que vertem dos céus e da retina despedaçada das personagens tão bem interpretadas. Em que pese o desempenho dos atores, o roteiro responde pela magia das cores e pelo amálgama de sentimentos que irrompem das imagens direito à retina e mente do espectador. Arrasadora, a cena tem seu ápice na explosão que se insurge contra o desejo e norte da libido. A vida tem dessas coisas, enfim. Totem e tabu.
Outra cena de um filme não menos hollywoodiano, no mesmo diapasão que mistura gotas de lágrima, na bela construção que detona os corações bobamente românticos como o meu, com a expressividade torrencial das chuvas, é produto de "Nascido em Quatro de Julho", de Oliver Stone.
Numa cena que julgo de bela feitura, o personagem corre em busca do seu amor-imperfeito, sua última esperança de salvação. Enfrenta não só a natureza cruel que lhe encharca o raciocínio, como também o próprio medo de ser rejeitado. A cena dita não somente reproduz o medo do personagem, mas além disso, retrata o sinal dos nossos tempos, onde nos deparamos amiúde com a luta contra nossa natureza. Quase sempre a mulher que repousa em nossos amores platônicos está a poucos passos, mas a dorida realidade nos ensina que temos que atravessar toda uma tempestade até chegarmos ao destino desejado. O final irrompe de forma emblemática porque o personagem encontra o seu destino, enfim. Sem fim...
O tempo é o senhor da razão. In casu, ele - o tempo - me furta a liberdade de continuar nesse devaneio da sétima arte.
Por fim, cito uma frase de Oscar Wilde em uma de suas famígeras cartas advindas da época de cárcere:" La joie de vivre foi-se e ela, ao lado da força de vontade, é o fundamento da arte."
C'est la vie.
La Joie de vivre II :
Há coisa mais bela do que o olhar torpente da mulher apaixonada? A cumplicidade da paixão, mesmo que por poucos segundos, o destemor do futuro...
A força de um toque, uno olhar.
Não há nada mais ímpar do que o sentir-se uno, indivisível, mesmo que acompanhado.
A arrebatadora força do olhar da pessoa amada que se distanciou, quando do reencontro, numa onda que ressurge como a fênix.
Os mesmos olhos que tanto amaram e espelharam d'alma ao fundo.Do amor infinito enquanto amor.
Daqueles olhos que me viram amando.
Há coisa mais bela? Eu me confesso...
La joie de vivre III:
Buscar-te no doce sabor da lembrança, sozinho, notívago.
Lembrar-te os momentos sinceros em que o mundo restava inerte, mero espectador.
Saber-te a pérfida roda-viva que admoesta os sentidos trôpegos.
Buscar-lhe sempre à solidão rotineira, amalgamando-te o corpo.
Sentir-te toda, partilhando-te a alma corroída dos sentidos.
Buscar-te no doce sabor da lembrança, sozinho, notívago...
La joie de vivre IV:
O teu buscar no escuro, da luz, a esperança, me corrói os sentidos.
Tua face, à luz lunar, dos olhos saltam faíscas.
A chuva insistente que debate-se ao vidro embaciado da noite.
O mar, não tão distante, mas tão distante dos corpos cansados.
Teu rosto no escuro, nada tão inesquecível, perdido nos idos do andar do tempo.
Eu venero-te, ao clarão dos lampejos e da lua, tão esquecida nesses dez anos.
Teu rosto, teu corpo, tua boca...tão perto no distante emaranhado do labirinto da minha mente...
Labirintos
Eu vejo à parede do escritório a Casa Amarela de Van Gogh.
Penso nos labirintos que inundam a nossa mente.
Nos tortuosos caminhos que me impedem o decifrar-te.
Tivesse eu coragem de te confessar o meu desejo.
Do Tímido beijo que nunca roubar-te-ei à noite.
A mesma cor amarela da Casa do Benfica.
São labirintos mundanos que direcionam à mesma arte.
Navego sôfrego nos desencontros da tua beleza.
À parede do escritório eu vejo os teus olhos.
Numa tarde atribulada eu leio os teus medos.
Apaixono-me reticente percebendo-te desnuda.
Mesmo sabendo que nasce morto o amor vesperal.
À insensatez do crepúsculo solar, vou capitulando.
Enquanto adentro na Casa Amarela de Van Gogh.
domingo, agosto 3
Porque deve andar perto uma mulher...Em resposta às pertinentes indagações poéticas levantadas pelos diletos Fábio e Inagaki nos comentários do post passado, republico o texto no qual citei o Soneto do Corifeu, mais um belíssimo exemplar da lavra do Poetinha.
Vincent Van Gogh - La Nuit Etoilee
"Reminiscências da Noite - Uma noite só comigo, onde recordo o passado. Uma noite sem vozes, sem música. Sozinho com o pinho cansado e a pena já gasta. Resquícios do dia que já se foi. São poucos os acordes com os quais celebro o adormecer lento. Noite sem ninguém. Só às palavras do Poeta:
"Soneto do Corifeu
São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua."
Vinicius de Moraes
Uma noite sem paisagens, só vontades. Sem sono, só sonhos. O cheiro da noite completa o ambiente noctívago, repleto de personagens e palavras que desfilam por entre os labirintos do meu imaginário inquieto, as páginas inconscientes de um romance por escrever e a voz emudecida pelo cansaço. Solitário olhar que caminha lento, pautado pela pulsar claudicante em minhas veias. À vista cansada saltam as palavras de um poema escrito num passado distante:
"Soneto do Acordar-te
Em um momento perdido no tempo eu queria te desvendar.
Emaranhar-me ao teu corpo e me permitir o teu abraço.
Numa aposta em que nunca saberemos os vencedores,
Às marcas dos beijos que sonhei uma única vez roubar-te.
Acordar às cordas que nos prendem os corpos em êxtase.
Marcar-te às amarras com um beijo ao único acordar-te.
E hoje, durante um efêmero segundo, eu tive você, minha.
E dos teus lábios de carmim eu suguei o sentido da vida.
Mas ousei apagar meu desejo como deletam-se imagens.
E me foi suficiente por um tênue cavalgar de segundos.
Quando me amarrou ao passado que nunca há de existir.
E Me doeu pensar que nunca te saberei um beijo sequer.
E à vibrante cor dos olhos de cujo espelho não esquecerei,
Eu me vi te amando, apaixonado que fui em um segundo.""
Vincent Van Gogh - La Nuit Etoilee
"Reminiscências da Noite - Uma noite só comigo, onde recordo o passado. Uma noite sem vozes, sem música. Sozinho com o pinho cansado e a pena já gasta. Resquícios do dia que já se foi. São poucos os acordes com os quais celebro o adormecer lento. Noite sem ninguém. Só às palavras do Poeta:
"Soneto do Corifeu
São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua."
Vinicius de Moraes
Uma noite sem paisagens, só vontades. Sem sono, só sonhos. O cheiro da noite completa o ambiente noctívago, repleto de personagens e palavras que desfilam por entre os labirintos do meu imaginário inquieto, as páginas inconscientes de um romance por escrever e a voz emudecida pelo cansaço. Solitário olhar que caminha lento, pautado pela pulsar claudicante em minhas veias. À vista cansada saltam as palavras de um poema escrito num passado distante:
"Soneto do Acordar-te
Em um momento perdido no tempo eu queria te desvendar.
Emaranhar-me ao teu corpo e me permitir o teu abraço.
Numa aposta em que nunca saberemos os vencedores,
Às marcas dos beijos que sonhei uma única vez roubar-te.
Acordar às cordas que nos prendem os corpos em êxtase.
Marcar-te às amarras com um beijo ao único acordar-te.
E hoje, durante um efêmero segundo, eu tive você, minha.
E dos teus lábios de carmim eu suguei o sentido da vida.
Mas ousei apagar meu desejo como deletam-se imagens.
E me foi suficiente por um tênue cavalgar de segundos.
Quando me amarrou ao passado que nunca há de existir.
E Me doeu pensar que nunca te saberei um beijo sequer.
E à vibrante cor dos olhos de cujo espelho não esquecerei,
Eu me vi te amando, apaixonado que fui em um segundo.""
sexta-feira, agosto 1
I´ve Got You Under My Skin - A voz de Diana Krall no clássico de Cole Porter me embala a noite calada, calado...
Diana Krall, Live in paris
I´ve got you under my skin
I´ve got you deep in the heart of me
So deep in my heart, that you´re really a part of me
I´ve got you under my skin
I´ve tried so not to give in
I´ve said to myself this affair never will go so well
But why should I try to resist, when baby will I know so well
That I´ve got you under my skin
I´d sacrifice anything come what might
For the sake of having you near
In spite of a warning voice that comes in the night
And repeats, repeats in my ear
Don´t you know you fool, you never can win
Use your mentality, wake up to reality
But each time I do, just the thought of you
Makes me stop before I begin
´Cause I´ve got you under my skin
Diana Krall, Live in paris
I´ve got you under my skin
I´ve got you deep in the heart of me
So deep in my heart, that you´re really a part of me
I´ve got you under my skin
I´ve tried so not to give in
I´ve said to myself this affair never will go so well
But why should I try to resist, when baby will I know so well
That I´ve got you under my skin
I´d sacrifice anything come what might
For the sake of having you near
In spite of a warning voice that comes in the night
And repeats, repeats in my ear
Don´t you know you fool, you never can win
Use your mentality, wake up to reality
But each time I do, just the thought of you
Makes me stop before I begin
´Cause I´ve got you under my skin
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