quinta-feira, agosto 28

Ecos...

"Reminiscências da Casa Amarela e da UFC:

Lendo o blog do Primo Jung, vejo que é latente sua saudade da velha Salamanca. Zapeando ao mais charmoso site-em-blog da web, leio sobre a saudade da Prima Dorothy, de Oz. Claro que não é a mesma Oz do célebre filme de 1939, mas peço vênia à licença poética.

Assim sendo, eu embarco também, em meio à pilha de alfarrábios e papéis que avolumam-se em minha mesa na tarde de hoje, nas doces recordações da época em que meu desejo maior era cursar Cinema. De preferência, em Cuba.
Por vários motivos, o desejo de tornar-me um cineasta não se concretizou. Veio então o curso que me pareceu mais ligado às minhas inclinações profissionais, Comunicação Social na UFC, iniciado em 1991. Na mesma época, fiz vários cursos de cinema através da Secretaria de Cultura do Estado. O primeiro, entretanto, foi Cinema e Vídeo na Casa Amarela. Foi ministrado pelo saudoso e inesquecível Eusélio Oliveira. Suas aulas eram verdadeiras odes à rebeldia e à sétima-arte. Ele bradava seu amor ao cinema e repúdio à inércia artística e política. Eusélio era puro movimento. E vanguarda. Seu assassinato foi mais uma perda insubstituível da arte e da retórica. Seu legado artístico, entretanto, continua bastante vivo na Casa Amarela Eusélio Oliveira.

Lembro também da dileta companhia - apenas para citar alguns nomes, recordo agora de Jocélio leal, Luizianne Lins, Renato Abreu e Sidrônio Henrique - do Cantinho do Céu e sua cerveja gelada. Das calouradas e dos festivais na Casa Amarela.
A decisão de inclinar-se às letras jurídicas sempre me pareceu o fim de um sonho, de certa forma uma capitulação. Mas, hoje percebo que não o foi tanto assim. Minha militância no direito administrativo revela um pouco da mesma contestação que eu desejava ver alavancada através do cinema. O Estado - lato sensu, em atitudes omissivas e comissivas, pisoteia sua própria Constituição. Daí a inclinação à minha atual advocacia.
Dos idos da época do curso de Comunicação Social na UFC e da Casa Amarela, muitas recordações.
Eu até gostaria de retornar a tudo isso, não fosse o fato de nunca ter saído de lá...

E la nave va..."


"A eternidade que há em um segundo (o sabor do tempo) :

Relembro uma frase dita pelo meu grande amigo e genitor, ao despedir-se de um grupo de amigas que regressavam à sua terra natal, após tê-las ciceroneado pela noite alencarina: "Essa pode ser a última vez que nos veremos em toda nossa vida". A frase foi de logo refutada pelas turistas, tendo tal fato ocorrido há uns quinze anos. Na ocasião, meu pai explicou-lhes que, apesar do desejo de voltar a visitar Fortaleza, por inúmeros motivos que a própria razão desconhece, os percalços e rumos da vida poderiam evitar que eles se encontrassem novamente. Todos riram e refutaram a possibilidade, prometendo reencontrar-se logo na próxima temporada de férias. Resumo da ópera: Perderam completamente o contato.

Esse fato me transfere a, "O Encontro Marcado", talvez a melhor obra de Fernando Sabino, onde o jovem personagem, Eduardo Marciano, faz um pacto com os seus melhores amigos para que se reencontrem anos depois. O livro é lindo e prova muito do que há de efêmero nos momento eternos de nossas vidas, paradoxos à parte.

O que será que existe, além da marca indelével do sentimento, em nossos momentos? Terão os personagens imortais de Casablanca, vividos por Bogart e Bergman, desfrutado de mais um segundo de amor após a sua despedida célebre? Elucubrações de um notívago romântico...Notívago à madrugada de sábado. Elucubrações várias nessa selva de papel virtual binário...

Eu espero eternos todos os momentos efêmeros que pontuam meu existir. No passado, houve um beijo que foi efêmero, embora eterno por ter sido o último. Embora os mesmos lábios, desatinos e desejos distintos a nortear-lhes o beijo. Um único olhar, imortalizado no tempo. Lindos olhos da amiga. Eterno enquanto efêmero. E eu nem imaginava que aquele primeiro seria o último. Foi único, mas até hoje eu não esqueço. Quão maravilhoso é o sabor do tempo..."

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Cada um tem a sua terapia. Há os que correm, pintam, cantam... Minha maior terapia é escrever. Posso ser o que sou, o que nu...