terça-feira, fevereiro 10

Manhã em Moema - Contrariando os últimos trinta e poucos anos, teimo em acordar cedo. Desperto ao som dos aviões que inundam o espaço aéreo de Moema a partir das 6 da manhã. É um ótimo despertador. Morar próximo à famosa rota do aeroporto de Congonhas, tem lá os seus privilégios.
Após as onze da noite, cessam os vôos. E para quem curte aviação, é um espetáculo à parte. Já os que não gostam e moram numa zona limítrofe como a minha, ainda há esperança nas janelas antiruído (ou seria anti-ruído?). Enfim, para um pobre escritor diletante, os pássaros metálicos trazem lampejos de inspiração.
Moema, desta Sampa irriquieta, é a sua cota-parte (ou seria cotaparte?) de sossego.
Todas as manhãs, um novo disco da coleção de Bossa Nova (que me perdoe a reforma, mas se há mudança para a palavra, me recuso - Thank you Jorge Maia...). Começo sempre com o livro-canção (bah, esqueçam!) do Dick Farney...primoroso. Vale já a coleção toda. Mas ainda há Vinícius, Tom, Nara, companhias agradáveis numa manhã de sol. Diria até necessárias. Mesmo quando penso em não mais renovar a Folha, ela me vem com uma cimeira musical dessas...
Aliás, a Folha de São Paulo chega tão cedo que às oito já li boa parte dela. Parece querer competir com o desprezo que a velocidade das notícias neste mundo meteórico, tem com a mídia impressa. Outras gerações que irão olhar os jornais de papel como objetos de museu haverão de rir disto, mas nada como dobrar um calhamaço de notícias, algumas boas outras nem tanto, enquanto se toma o café. Ou mesmo perder a página quando uma brisa leve escapa aos inúmeros edifícios e invade o partamento ainda na penumbra matutina.

Apesar de tudo, a Folha ainda me faz rememorar tempos áureos, textos idem. Ainda há o Cony, o Rossi e o Macaco Simão. Não sei bem o porquê do novo rumo que tomou a Folha. Ou até sei, mas, enfim, continua sendo um jornal que guardo debaixo do coração, apesar da mudanças dos tempos e da sua linha editorial. Mas, enfim, o que não mudou mesmo nas duas últimas décadas?
Mudou o mundo, mudam as pessoas e até parecem mudar as ideologias (como é mesmo que conseguem abalar as idéias? No entanto, quero crer que não mudo eu, apenas emudeço, aos poucos e claudicante...

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Porque escrevo

Cada um tem a sua terapia. Há os que correm, pintam, cantam... Minha maior terapia é escrever. Posso ser o que sou, o que nu...