domingo, março 13

O Pais da Delicadeza Perdida - Tenho lembrado de Chico Buarque inumeras vezes neste periplo europeu. Algumas por ouvi-lo nas radios ou locais publicos. Outras muitas pela lembranca da Obra de Walter Salles e Nelson Motta onde se destaca a poesia do Chico contrastada com a perda gradual de nossa delicadeza.
Pois errante, eu vejo que ainda nos resta a esperanca. Por onde andei tenho me deparado com exemplos inequivocos de que nossa delicadeza ainda sobrevive incolume, tambem em solos outros. Sem medo de ceder aa pieguice, constatei que nosso contraste com a sisudez estrangeira eh gritante. Somos uma nota dissonante no embrutecimento a grassar pelas bandas de cah e de lah tambem. O Discreto charme brasileiro, aa doce parafrase da obra-prima de Bunuel, eh um sincero abraco em forma de sorriso.
Entre as andancas por varios paises ateh agora, eu destaco a gentileza do conterraneo David, um dedicado cicerone-por-um-dia em Barcelona que tanto nos ajudou a desbravar a intensa Cidade. Nao bastasse, ainda nos abasteceu de musica atraves de dois Cd's gravados por ele proprio que nos aliviou a distancia entre a Cidade Catala e Paris.
Ainda em Barcelona, as dicas de outras duas brasileiras, Rafa e Maristela, que tanto nos ajudaram pelos caminhos daquela Metropole insone.
O frio intenso dos outros dias comecou a arrefecer, mesmo ao trilharmos o caminho do Norte, principalmente ao nos depararmos com a alegria em forma de bracos abertos dos amigos Regis e Guilherme aa nossa espera na estacao de Waterloo, numa Londres que nunca me fora tao acolhedora. A dedicacao em nos propiciar um inesquecivel fim-de-semana nao encontra uma forma aa altura de recompensa-los a delicadeza, que nao seja o desfilar em forma de registro destas bobas palavras neste pergaminio virtual.
Eles todos nos provam que a delicadeza do brasileiro nao estah de todo perdida, ela ainda pode ser encontrada pelos quatro-cantos do mundo, voce pode ateh nao estar a perceber ou escuta-la agora, mas bem ali, naquela mesa de bar, eles estao a cantar as musicas do Cartola, Vincicius, Paulinho da Viola, Chico e tantos outros mestres. Vem regada a cerveja (que seja espanhola, portuguesa, francesa ou mesmo uma inenarravel Guinness), alem olhares incompreensiveis, muita fumaca a confundir-se com o fog londrino, sorrisos em profusao e de vez em quando, algumas lagrimas teimosas a rolar pelos rostos felizes, porem saudosos do nosso Pais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem as matérias, façam sugestões, elogios ou mesmo reclamações, troquem idéias, este é o lugar para opinar!

Os comentários não serão respondidos por email, só aqui mesmo; se quiser saber se alguém respondeu ao seu comentário, inscreva-se por email no Feed de comentários do artigo, ou então: VOLTE SEMPRE!

Porque escrevo

Cada um tem a sua terapia. Há os que correm, pintam, cantam... Minha maior terapia é escrever. Posso ser o que sou, o que nu...