sexta-feira, maio 2

Chuva e Benção

As gélidas águas que insistem em derramar tragédias do céu à despreparada Fortaleza transformam nosso cenário num quadro que mescla melancolia e beleza. A interdependência dos opostos, será? E la nave va...

Ontem, em navegando pelo excelente sítio do Nonato Albuquerque, Antena Paranóica, me deparei com uma hilariante definição, em forma de desenho, acerca das diferenças que há entre homens e mulheres. Embora a citação possa me render uma acusação de machista, não hei de ser acusado de falta de bom humor. Isso me lembra também os versos de Vinícius em Samba da Benção. Embora não concorde à plenitude com sua visão do imaginário feminino, haja vista a caracterização ateniense das mulheres - seria Chico, Meus Caros Amigos? - não se olvide à beleza dos versos do poetinha:

Senão é como amar uma mulher só linda. E daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa que sofre / Qualquer coisa que chora /
Qualquer coisa que sente saudade/Um molejo de amor
machucado / Uma tristeza que vem da beleza /
De se saber mulher / Feita apenas para amar /
Para sofrer pelo seu amor / E para ser só perdão


(Excerto de Samba da Benção, Vinícius de Moraes e Baden Powell)

Um sociedade onde o seu norte é um auto-patrulhamento irascível, nos impede de brincar com a chuva poética do dia-a-dia e me faz repensar o gostar dos versos de Vinícius. Deixa estar, ou melhor, seguindo o mesmo diapasão, Let it Be e Carpe Diem!

Rogaciano Leite Filho e o Antena Paranóica - Voltando ao Antena Paranóica, seu título, salvo engano (com a palavra final o seu ilustre autor), adveio da frase dita por um equivocado deputado alencarino. Tal frase tornou-se célebre em função da genialidade do saudoso jornalista Rogaciano Leite Filho em sua coluna no Jornal O Povo, há cerca de quinze anos. Eu me recordo que um dia, ainda em minha fase de pré-boemia, encontrei o jornalista no Estoril - então o melhor recanto boêmio em Fortaleza/CE - e lancei-lhe a pergunta sobre a real identidade do deputado (nunca revelada em sua coluna). Eu devia ter uns dezoito anos e acabara de migrar nos rumos do Curso de Jornalismo na UFC. Já me sentia, portanto - arrimado na petulância jovial que descerrava a timidez notória, algumas doses a mais de combustível etílico e a motivação da recém-aprovação no vestibular - um verdadeiro colega do irônico escritor e por consegüinte, devidamente autorizado para discussões jornalísticas. Recordo que, à resposta dada por Rogaciano, a lembrança do nome do parlamentar mencionado somente sobreviveu durante aquela noite. In vino veritas? Nem tanto, pois até hoje não recordo o nome do deputado...

Working Class Beatles - Ontem aproveitei o feriado de 1º de Maio para assistir a alguns capítulos do Anthology. É chover no molhado elogiar o trabalho e dizer-lhe da sensação de alegria e pura nostalgia. Poucas linhas pouco descrevem. Muitas, talvez quase nada. É ver e sentir.

Amigo do Rei - Vou-me à Pasárgada onde o rei me acolhe e me confidencia amizade. Ave, amigos! Hasta segunda-feira...

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Porque escrevo

Cada um tem a sua terapia. Há os que correm, pintam, cantam... Minha maior terapia é escrever. Posso ser o que sou, o que nu...