How
John Lennon
How can I go forward when I don't know which way I'm facing?
How can I go forward when I don't know which way to turn?
How can I go forward into something I'm not sure of?
Oh no, oh no
How can I have feeling when I don't know if it's a feeling?
How can I feel something if I just don't know how to feel?
How can I have feelings when my feelings have always been denied?
Oh no, oh no
You know life can be long
And you got to be so strong
And the world is so tough
Sometimes I feel I've had enough
How can I give love when I don't know what it is I'm giving?
How can I give love when I just don't know how to give?
How can I give love when love is something I ain't never had?
Oh no, oh no
You know life can be long
You've got to be so strong
And the world she is tough
Sometimes I feel I've had enough
How can we go forward when we don't know which way we're facing?
How can we go forward when we don't know which way to turn?
How can we go forward into something we're not sure of?
Oh no, oh no
segunda-feira, setembro 30
domingo, setembro 29
quarta-feira, setembro 25
Você, que locupleta-se de meus sentidos. Me entorta os vocábulos.
Tripudia de minha sintaxe. Entorpece minhas linhas.
Você que me desnorteia o destino. Opõe-me os desejos.
Ilumina meu texto. Constrói minhas sentenças.
Você que escreve num desabafo. Abre meus caminhos.
Ilustra meus desatinos. Devaneia sob meu epitáfio...
Tripudia de minha sintaxe. Entorpece minhas linhas.
Você que me desnorteia o destino. Opõe-me os desejos.
Ilumina meu texto. Constrói minhas sentenças.
Você que escreve num desabafo. Abre meus caminhos.
Ilustra meus desatinos. Devaneia sob meu epitáfio...
segunda-feira, setembro 23
Espaços esparsos em minha mente. Signos. Símbolos?
Dialético, o mundo, tão metafórico. Dialético?
Adsartha. Dorothy. Lígia, de Jobim. Campos concretos.
À concretude da poesia de Campos, capitulo.
Espaços concretos à esquerda do texto. Direita.
Direita amorfa na contextualização. Signos?
Símbolos? O mundo não finda...amanhã.
Eis que rompe a primavera. Nasci, enfim.
Dialético, o mundo, tão metafórico. Dialético?
Adsartha. Dorothy. Lígia, de Jobim. Campos concretos.
À concretude da poesia de Campos, capitulo.
Espaços concretos à esquerda do texto. Direita.
Direita amorfa na contextualização. Signos?
Símbolos? O mundo não finda...amanhã.
Eis que rompe a primavera. Nasci, enfim.
domingo, setembro 22
Tanto Tempo...
Na vitrola, Coltrane, Peterson e Laurindo de Almeida.
O pinho, esquecido no canto da varanda, nem percebeu o entardecer que já se foi.
A primavera vem me trazendo nos braços, pois o tempo é inexorável.
Tanto Tempo, Bebel Gilberto. É ele o senhor da razão?
É o Tempo da Memória, Bobbio. Aliás, Quase Memória, seu Cony.
A semana vai começando lenta, gradual e misteriosamente.
E o que Você faria? Se amanhã o mundo fosse acabar...
Na vitrola, Coltrane, Peterson e Laurindo de Almeida.
O pinho, esquecido no canto da varanda, nem percebeu o entardecer que já se foi.
A primavera vem me trazendo nos braços, pois o tempo é inexorável.
Tanto Tempo, Bebel Gilberto. É ele o senhor da razão?
É o Tempo da Memória, Bobbio. Aliás, Quase Memória, seu Cony.
A semana vai começando lenta, gradual e misteriosamente.
E o que Você faria? Se amanhã o mundo fosse acabar...
sábado, setembro 21
Ontem eu restei entorpecido pela beleza do despertar da lua cheia. Novamente, seu despertar, desnuda em mistério.
Por isso, edito novamente as homenagens rendidas à bela dama, branca e nua, feitas neste blog, há cerca de um mês:
"[8/24/2002 5:16:22 PM | Anômico Emerson]
Convite ao nosso encontro de hoje:
Primeiro, ela não se revelou por inteiro, pudicamente foi chegando remansosa.
Em pequenos espasmos de luz, fui sentindo o seu gosto, sua beleza.
Fui corrompido em minha retidão pelo seu charme sem par.
Mansidão que me envolveu num átimo. Companheira, até os confins.
E chegou toda, desposei-me com ela em minha elucubrações.
Ela me confessa que irá mostrar-se hoje, novamente.
E eu vos convido a desfrutar desse espetáculo, que por poucos segundos é só nosso.
E nada mais reality nesse show tão global, que é o seu despertar desnuda.
Nascer que há de ser compartilhado pelos libertos.
Mesmo que distantes, estamos todos em sua sintonia.
Usurpa, do sol, raios que espelha em nossas mentes inférteis.
Lua eu te aguardo hoje em tua gênese.
Convido a todos. Sejamos espectadores passageiros por um minuto!
Quando passarmos, ela há de nos observar. Mas hoje, é só nossa.
Lua cheia, luar que ela me prometeu.
Paremos nossas máquinas, observemos o cosmos.
Divido com todos esse nascer de hoje. Festejemo-la!
E la nave va..."
Post Scriptum: Essa poesia acima, embora feita há alguns dias, reflete bem o que sinto. Fidedignamente, eu diria. Não fosse a razão do ilogismo que nos impõe e preceitua nossas ações, hoje seria o dia de divagações, o dia dos atos líricos. Como seria infinito o terno momento de hoje contigo...
Por isso, edito novamente as homenagens rendidas à bela dama, branca e nua, feitas neste blog, há cerca de um mês:
"[8/24/2002 5:16:22 PM | Anômico Emerson]
Convite ao nosso encontro de hoje:
Primeiro, ela não se revelou por inteiro, pudicamente foi chegando remansosa.
Em pequenos espasmos de luz, fui sentindo o seu gosto, sua beleza.
Fui corrompido em minha retidão pelo seu charme sem par.
Mansidão que me envolveu num átimo. Companheira, até os confins.
E chegou toda, desposei-me com ela em minha elucubrações.
Ela me confessa que irá mostrar-se hoje, novamente.
E eu vos convido a desfrutar desse espetáculo, que por poucos segundos é só nosso.
E nada mais reality nesse show tão global, que é o seu despertar desnuda.
Nascer que há de ser compartilhado pelos libertos.
Mesmo que distantes, estamos todos em sua sintonia.
Usurpa, do sol, raios que espelha em nossas mentes inférteis.
Lua eu te aguardo hoje em tua gênese.
Convido a todos. Sejamos espectadores passageiros por um minuto!
Quando passarmos, ela há de nos observar. Mas hoje, é só nossa.
Lua cheia, luar que ela me prometeu.
Paremos nossas máquinas, observemos o cosmos.
Divido com todos esse nascer de hoje. Festejemo-la!
E la nave va..."
Post Scriptum: Essa poesia acima, embora feita há alguns dias, reflete bem o que sinto. Fidedignamente, eu diria. Não fosse a razão do ilogismo que nos impõe e preceitua nossas ações, hoje seria o dia de divagações, o dia dos atos líricos. Como seria infinito o terno momento de hoje contigo...
quarta-feira, setembro 18
Hoje seria o dia em que iria reiniciar os escritos do meu livro, Praia. Ele está completando dez anos, dos quais, nove sem uma única linha escrita. Hei de terminá-lo? Em qual sentido do vocábulo terminar, afinal?
Bem, Morfeu me convoca e largo os devaneios literários para depois. Mas, afinal, há tanto sono e pouco sonho em meu enredo?
Praia infinda...
Bem, Morfeu me convoca e largo os devaneios literários para depois. Mas, afinal, há tanto sono e pouco sonho em meu enredo?
Praia infinda...
terça-feira, setembro 17
Assim disse John Lennon em Love...
"Love is real, real is love
Love is feeling, feeling love
Love is wanting to be loved
Love is touch,touch is love
Love is reaching,reaching love
Love is asking to be loved
Love is you
You and me
Love is knowing
We can be
Love is free,free is love
Love is living, living love
Love is needing to be loved"
(John Winston Lennon)
"Love is real, real is love
Love is feeling, feeling love
Love is wanting to be loved
Love is touch,touch is love
Love is reaching,reaching love
Love is asking to be loved
Love is you
You and me
Love is knowing
We can be
Love is free,free is love
Love is living, living love
Love is needing to be loved"
(John Winston Lennon)
domingo, setembro 15
Em pauta
Recebi o convite de um grande amigo, para destilar meus devaneios literários em uma coluna no Opinião, do Portal Verdes Mares. Quando percebi que o convite era sério, aceitei antes que ele desistisse. Resolvi chamar a coluna de La Joie de Vivre (o seu link também está listado em Leitura Cotidiana), título que confunde-se com uma série de textos expostos aqui no Anomia, cujo teor poético me agrada, enfim. Todos os textos do Portal estão aqui, com pequenas adaptações, mas o inverso não é verdadeiro, eis que aqui jaz meu confessionário...
Lady Day
Um documentário sobre a vida da Lady Billie Holyday me confirma a suspeita - nada inédita - de que ela cantava mesmo com a alma. O que não sabia ainda, é que a dor d'alma da cantora repercutisse tanto em sua doce e amargurada voz. Billie teve a vida marcada pelo consumo de drogas e a dicotomia pautando a carreira entre o sucesso e a tragédia. Da consagração no Carnigie Hall à prisão por posse de heroína. Ouvir sua interpretação de As Time Goes By demonstra, além do fato de que ela é uma das melhores cantoras de Jazz, que possuía também um elemento pulsante de dor em sua obra. Ave Billie!
Descompasso
Há um descompasso entre a dor e a razão. Será a dor, como disse Jorge Maia à paráfrase de Schoppenheauer, o único baluarte positivo da medida da vida humana? O homem limpo de coisas é a medida do homem, como vaticina Soares Feitosa em seu deslumbrante sítio poético.
Um organismo diletante cultua a dor como alicerce da razão, pauta do existir.
Existirmos, ao que será que se destina mesmo? Como diria Caetano.
São mais elucubrações de um notívago trovador. E la nave va...
Recebi o convite de um grande amigo, para destilar meus devaneios literários em uma coluna no Opinião, do Portal Verdes Mares. Quando percebi que o convite era sério, aceitei antes que ele desistisse. Resolvi chamar a coluna de La Joie de Vivre (o seu link também está listado em Leitura Cotidiana), título que confunde-se com uma série de textos expostos aqui no Anomia, cujo teor poético me agrada, enfim. Todos os textos do Portal estão aqui, com pequenas adaptações, mas o inverso não é verdadeiro, eis que aqui jaz meu confessionário...
Lady Day
Um documentário sobre a vida da Lady Billie Holyday me confirma a suspeita - nada inédita - de que ela cantava mesmo com a alma. O que não sabia ainda, é que a dor d'alma da cantora repercutisse tanto em sua doce e amargurada voz. Billie teve a vida marcada pelo consumo de drogas e a dicotomia pautando a carreira entre o sucesso e a tragédia. Da consagração no Carnigie Hall à prisão por posse de heroína. Ouvir sua interpretação de As Time Goes By demonstra, além do fato de que ela é uma das melhores cantoras de Jazz, que possuía também um elemento pulsante de dor em sua obra. Ave Billie!
Descompasso
Há um descompasso entre a dor e a razão. Será a dor, como disse Jorge Maia à paráfrase de Schoppenheauer, o único baluarte positivo da medida da vida humana? O homem limpo de coisas é a medida do homem, como vaticina Soares Feitosa em seu deslumbrante sítio poético.
Um organismo diletante cultua a dor como alicerce da razão, pauta do existir.
Existirmos, ao que será que se destina mesmo? Como diria Caetano.
São mais elucubrações de um notívago trovador. E la nave va...
quarta-feira, setembro 11
11 de Setembro de 2001 por um Brasileiro
11 de Setembro de 2001, por um brasileiro:
Essa é a primeira vez que decido escrever sobre os acontecimentos marcantes que passei juntamente com familiares na inesquecível viagem que fizemos à Nova York, com o propósito de conhecê-la e acompanhar a ótima fase de Gustavo Kuerten na temporada de 2001. Após anos de economia, realizava-se o sonho de ir à a Cidade que já conhecia de filmes, livros, revistas e vários outros veículos de informação que ilustraram boa parte de minha vida.
Manhattan. Há exatamente um ano, à noite, no dia 10.09.2001, eu desfrutava de uma das maiores emoções de minha vida. Estava em Nova York desde o início de Setembro e realizava o sonho de visitar a famosa "Big Apple" e assistir ao US Open.
À noite do diz 10, adentrava pela primeira vez o Blue Note. Reservas efetuadas desde Fortaleza, era também um desejo antigo. No palco, Turk Mauro embalava minha viagem com um show impecável. Em meio ao público, vislumbrei a bela Mel Lisboa na mesa ao lado. Era realmente a atriz de "A Presença de Anita", que atendeu ao nosso impertinente pedido para tirarmos uma fotografia juntos, com simplicidade e alegria. Até aquele momento, parecia uma viagem perfeita, embora Guga tivesse perdido para o russo Kafelnikov, mas o prazer de ter dividido, no dia da derrota tupiniquim, várias cervejas e o excelente papo com o não menos simpático Wilson Simoninha, no Grand Slam americano, exauriu qualquer possibilidade de frustração para nós.
Na manhã do dia seguinte, um telefonema do Brasil, narrando que um avião se chocara com uma das Torres, interrompe o meu sono e joga a realidade dos fatos daquele 11 de setembro em minha cara. Corro à tv e verifico que não se trata de uma brincadeira de mau gosto de quem nos telefonava. Imediatamente rumamos à 6ª avenida, onde vimos, a olhos nús, o que a tv já mostrava. Uma das torres ardia em chamas e sequer podíamos imaginar que a outra seria dentro em breve atingida. E o foi, de fato. Nas ruas, um pânico que eu somente vira em filmes de catástrofe. Como estávamos ao lado do Empire State, um rumor de que o próximo alvo era o também famoso arranha-céu, levou várias pessoas a correr em busca de qualquer lugar que lhes parecesse a salvo. Mas não havia.
Os minutos passavam arrastados e a mente teimava em querer locupletar-se da razão e indicar que aquilo não era verdade. Nas ruas, imediatamente após a queda das torres que compunham o complexo WTC, a situação piorou. Um ruído de avião provocou nova correria e pânico.
Alguns dias antes, checando nosso modesto plano de viagem, decidi alterar tudo após a derrota prematura de Guga. Decidi trocar a data que agendava a visita às Torres Gêmeas, coincidentemente marcada para 11.09.2001, antecipando-a em três dias. Lembro que no dia da visita, logo na entrada, um letreiro estampado em uma das Torres vaticinava: "O Centro Financeiro do Mundo". Até hoje recordo vários dos rostos das pessoas que trabalhavam no local, desde o cômico ascensorista até os atendentes da pizzaria que ficava no último andar. A imagem do topo era maravilhosa. Toda Manhattan, uma selva de pedra. A Estátua da Liberdade, um ponto bem distante.
Não há mais nada ali, pensei após a segunda torre desabar. De volta ao hotel, já que não havia para onde ir, encontrava pessoas recém-saídas das torres tentando informar aos familiares que estavam bem. Na rua, sirenes a pleno vapor em todos os cantos de Manhattan. Vários carros cobertos de poeira vinham do local, possivelmente trazendo feridos. Ligamos para o Brasil e dissemos que estávamos bem. Pensei na quantidade de mortos e feridos daquele dia. Ao relembrar os brasileiros que havíamos encontrado nos dias anteriores e desejei que estivessem a salvo.
Nos dias seguintes, o cenário de cinema instalou-se de vez. Não havia autorização para vôos e a única saída era aguardar e tentar fazer de conta que estava tudo bem, mas ninguém tinha a menor idéia do que nos esperava adiante. Lembrei que dias antes, havia estado em Strawberry Fields, uma seção do Central park, num momento de muita paz. A poucos passos do Dakota, estava o éden onde Lennon costumava passear me deu muita paz e tranquilidade, como sempre. Naquele momento eu acreditei que tudo correria bem e chegaríamos em casa dentro em breve. Na visita, enquanto observava o mosaico insculpido no solo da Strawberry Fields do Central Park, em cujo centro repousa a inscrição "Imagine" acalantava-me no sonho de pensar o mundo que Lennon tanto queria, via também vários fãs concentrados no local. A energia me deu bastante força. Let me take you down, cause I am going to...Strawberry Fields....nothing is real...Strawberry Fields Forever!!!
Nesse ínterim, evacuamos o hotel duas vezes. Havia ameaça de bombas no Empire State e no Madison Square Garden. Corríamos desesperados pela noite, afugentados do hotel - bem próximo do dois local - pela polícia, FBI e bombeiros, na direção do sul de Manhattan, adentrando a gélida madrugada de Nova York, num êxodo de centenas de pessoas aflitas com os acontecimentos. A fumaça que envolveu a ilha de Manhattan estava com um odor insuportável.
Nunca imaginei que passasse por aquilo em minha vida. Pensei, várias vezes, no enlatado "Nova York Sitiada" com Denzel Washington, porque até a Guarda Nacional foi chamada para patrulhar as ruas de NYC.
Alguns dias depois, no primeiro vôo liberado, direito para o Brasil, conseguimos embarcar após horas na lista de espera. Angústia e aflição até conseguirmos três dos últimos lugares do vôo que veio lotado até Guarulhos. Após o comandante anunciar que havíamos deixado o espaço aéreo norte-americano, muitos gritaram de alegria, fazendo uma "ola" em suas cadeiras. Coisa de espírito brasileiro mesmo.
Quando pegamos a conexão para Fortaleza, pela primeira vez, certo de que voltava para casa, saí de mansinho da minha cadeira e chorei copiosamente no fundo da aeronave. Choro de criança que leva uma queda e tem um enorme susto. Passara os dias que se seguiram ao atentado buscando mostrar confiança e calma aos que estavam comigo, mas na verdade, estava bastante assustado com tudo aquilo.
Eu já amava muito esse Brasil tropical abençoado por Deus e bonito por natureza. Hoje, me ufano mais ainda. Apesar de todos os massacrantes contrastes sociais, políticos e econômico que devem ser combatidos, definitivamente nossa terra é ímpar.
Em que pesem as várias considerações políticas e ideológicas feitas sobre o atentado de 11 de Setembro, eu prefiro me limitar à narração do périplo angustiante que passei juntamente com pessoas que amo. Uma das lições que tirei, é que a obra-prima "Imagine" de Lennon nunca foi tão atual como nos últimos tempos. As letras insculpidas no ladrilho que homenageia John, em Strawberry Fields no Central Park, repousam a poucos passos do edifício onde ele foi assassinado. A curta distância entre os locais, é quase o fio de uma navalha, se vista de bem longe. Parece o mesmo tênue fio que separa a paz da guerra.
Brasil, madrugada de 10.09.2002.
Essa é a primeira vez que decido escrever sobre os acontecimentos marcantes que passei juntamente com familiares na inesquecível viagem que fizemos à Nova York, com o propósito de conhecê-la e acompanhar a ótima fase de Gustavo Kuerten na temporada de 2001. Após anos de economia, realizava-se o sonho de ir à a Cidade que já conhecia de filmes, livros, revistas e vários outros veículos de informação que ilustraram boa parte de minha vida.
Manhattan. Há exatamente um ano, à noite, no dia 10.09.2001, eu desfrutava de uma das maiores emoções de minha vida. Estava em Nova York desde o início de Setembro e realizava o sonho de visitar a famosa "Big Apple" e assistir ao US Open.
À noite do diz 10, adentrava pela primeira vez o Blue Note. Reservas efetuadas desde Fortaleza, era também um desejo antigo. No palco, Turk Mauro embalava minha viagem com um show impecável. Em meio ao público, vislumbrei a bela Mel Lisboa na mesa ao lado. Era realmente a atriz de "A Presença de Anita", que atendeu ao nosso impertinente pedido para tirarmos uma fotografia juntos, com simplicidade e alegria. Até aquele momento, parecia uma viagem perfeita, embora Guga tivesse perdido para o russo Kafelnikov, mas o prazer de ter dividido, no dia da derrota tupiniquim, várias cervejas e o excelente papo com o não menos simpático Wilson Simoninha, no Grand Slam americano, exauriu qualquer possibilidade de frustração para nós.
Na manhã do dia seguinte, um telefonema do Brasil, narrando que um avião se chocara com uma das Torres, interrompe o meu sono e joga a realidade dos fatos daquele 11 de setembro em minha cara. Corro à tv e verifico que não se trata de uma brincadeira de mau gosto de quem nos telefonava. Imediatamente rumamos à 6ª avenida, onde vimos, a olhos nús, o que a tv já mostrava. Uma das torres ardia em chamas e sequer podíamos imaginar que a outra seria dentro em breve atingida. E o foi, de fato. Nas ruas, um pânico que eu somente vira em filmes de catástrofe. Como estávamos ao lado do Empire State, um rumor de que o próximo alvo era o também famoso arranha-céu, levou várias pessoas a correr em busca de qualquer lugar que lhes parecesse a salvo. Mas não havia.
Os minutos passavam arrastados e a mente teimava em querer locupletar-se da razão e indicar que aquilo não era verdade. Nas ruas, imediatamente após a queda das torres que compunham o complexo WTC, a situação piorou. Um ruído de avião provocou nova correria e pânico.
Alguns dias antes, checando nosso modesto plano de viagem, decidi alterar tudo após a derrota prematura de Guga. Decidi trocar a data que agendava a visita às Torres Gêmeas, coincidentemente marcada para 11.09.2001, antecipando-a em três dias. Lembro que no dia da visita, logo na entrada, um letreiro estampado em uma das Torres vaticinava: "O Centro Financeiro do Mundo". Até hoje recordo vários dos rostos das pessoas que trabalhavam no local, desde o cômico ascensorista até os atendentes da pizzaria que ficava no último andar. A imagem do topo era maravilhosa. Toda Manhattan, uma selva de pedra. A Estátua da Liberdade, um ponto bem distante.
Não há mais nada ali, pensei após a segunda torre desabar. De volta ao hotel, já que não havia para onde ir, encontrava pessoas recém-saídas das torres tentando informar aos familiares que estavam bem. Na rua, sirenes a pleno vapor em todos os cantos de Manhattan. Vários carros cobertos de poeira vinham do local, possivelmente trazendo feridos. Ligamos para o Brasil e dissemos que estávamos bem. Pensei na quantidade de mortos e feridos daquele dia. Ao relembrar os brasileiros que havíamos encontrado nos dias anteriores e desejei que estivessem a salvo.
Nos dias seguintes, o cenário de cinema instalou-se de vez. Não havia autorização para vôos e a única saída era aguardar e tentar fazer de conta que estava tudo bem, mas ninguém tinha a menor idéia do que nos esperava adiante. Lembrei que dias antes, havia estado em Strawberry Fields, uma seção do Central park, num momento de muita paz. A poucos passos do Dakota, estava o éden onde Lennon costumava passear me deu muita paz e tranquilidade, como sempre. Naquele momento eu acreditei que tudo correria bem e chegaríamos em casa dentro em breve. Na visita, enquanto observava o mosaico insculpido no solo da Strawberry Fields do Central Park, em cujo centro repousa a inscrição "Imagine" acalantava-me no sonho de pensar o mundo que Lennon tanto queria, via também vários fãs concentrados no local. A energia me deu bastante força. Let me take you down, cause I am going to...Strawberry Fields....nothing is real...Strawberry Fields Forever!!!
Nesse ínterim, evacuamos o hotel duas vezes. Havia ameaça de bombas no Empire State e no Madison Square Garden. Corríamos desesperados pela noite, afugentados do hotel - bem próximo do dois local - pela polícia, FBI e bombeiros, na direção do sul de Manhattan, adentrando a gélida madrugada de Nova York, num êxodo de centenas de pessoas aflitas com os acontecimentos. A fumaça que envolveu a ilha de Manhattan estava com um odor insuportável.
Nunca imaginei que passasse por aquilo em minha vida. Pensei, várias vezes, no enlatado "Nova York Sitiada" com Denzel Washington, porque até a Guarda Nacional foi chamada para patrulhar as ruas de NYC.
Alguns dias depois, no primeiro vôo liberado, direito para o Brasil, conseguimos embarcar após horas na lista de espera. Angústia e aflição até conseguirmos três dos últimos lugares do vôo que veio lotado até Guarulhos. Após o comandante anunciar que havíamos deixado o espaço aéreo norte-americano, muitos gritaram de alegria, fazendo uma "ola" em suas cadeiras. Coisa de espírito brasileiro mesmo.
Quando pegamos a conexão para Fortaleza, pela primeira vez, certo de que voltava para casa, saí de mansinho da minha cadeira e chorei copiosamente no fundo da aeronave. Choro de criança que leva uma queda e tem um enorme susto. Passara os dias que se seguiram ao atentado buscando mostrar confiança e calma aos que estavam comigo, mas na verdade, estava bastante assustado com tudo aquilo.
Eu já amava muito esse Brasil tropical abençoado por Deus e bonito por natureza. Hoje, me ufano mais ainda. Apesar de todos os massacrantes contrastes sociais, políticos e econômico que devem ser combatidos, definitivamente nossa terra é ímpar.
Em que pesem as várias considerações políticas e ideológicas feitas sobre o atentado de 11 de Setembro, eu prefiro me limitar à narração do périplo angustiante que passei juntamente com pessoas que amo. Uma das lições que tirei, é que a obra-prima "Imagine" de Lennon nunca foi tão atual como nos últimos tempos. As letras insculpidas no ladrilho que homenageia John, em Strawberry Fields no Central Park, repousam a poucos passos do edifício onde ele foi assassinado. A curta distância entre os locais, é quase o fio de uma navalha, se vista de bem longe. Parece o mesmo tênue fio que separa a paz da guerra.
Brasil, madrugada de 10.09.2002.
terça-feira, setembro 10
O som vem chegando quase inaudível. Tudo está parado. Aos poucos reconheço alguns acordes e dissonantes. O mundo não o é mais. Você também caminha lentamente. A invasão dos meus sentidos. Entorpecido pelo som que preenche todos os espaços. Não há mais vagas no mar. O vôo do pássaro negro repousa estático. Paradas, as nuvens. Não respiro. Não há ar. Só música. Eu escuto, então.
A música é a seguinte: "Let me take you down 'cause I'm going to... Strawberry Fields
Nothing is real, and nothing to get hung about...
Strawberry Fields forever !"
Hoje, sou ela, apenas. Em deferência a ontem.
A música é a seguinte: "Let me take you down 'cause I'm going to... Strawberry Fields
Nothing is real, and nothing to get hung about...
Strawberry Fields forever !"
Hoje, sou ela, apenas. Em deferência a ontem.
domingo, setembro 8
Um cantinho, um violão, esse amor...
"Corcovado", é a única de Jobim que sei executar sem maiores ajudas de revistas com cifras.
No entardecer poético deste domingo, seus acordes ecoam remansosos em meu violão.
Entretanto, recorro também à voz de Rosemary Clooney (uma perda recente do jazz), Diana Krall e John Pizzarelli reunidos no excelente "Brazil", onde a bossa-nova é homenageada, e possui uma "Quiet Nights" saborosa.
A semana vai começando lenta, gradual e charmosamente...
Carpe Diem amigos!
"Corcovado", é a única de Jobim que sei executar sem maiores ajudas de revistas com cifras.
No entardecer poético deste domingo, seus acordes ecoam remansosos em meu violão.
Entretanto, recorro também à voz de Rosemary Clooney (uma perda recente do jazz), Diana Krall e John Pizzarelli reunidos no excelente "Brazil", onde a bossa-nova é homenageada, e possui uma "Quiet Nights" saborosa.
A semana vai começando lenta, gradual e charmosamente...
Carpe Diem amigos!
sábado, setembro 7
quinta-feira, setembro 5
Reminiscências da Casa Amarela e da UFC:
Lendo o blog do Primo Jung, vejo que é latente sua saudade da velha Salamanca. Zapeando ao mais charmoso site-em-blog da web, leio sobre a saudade da Prima Dorothy, de Oz. Claro que não é a mesma Oz do célebre filme de 1939, mas peço vênia à licença poética.
Assim sendo, eu embarco também, em meio à pilha de alfarrábios e papéis que avolumam-se em minha mesa na tarde de hoje, nas doces recordações da época em que meu desejo maior era cursar Cinema. De preferência, em Cuba.
Por vários motivos, o desejo de tornar-me um cineasta não se concretizou. Veio então o curso que me pareceu mais ligado às minhas inclinações profissionais, Comunicação Social na UFC, iniciado em 1991. Na mesma época, fiz vários cursos de cinema através da Secretaria de Cultura do Estado. O primeiro, entretanto, foi Cinema e Vídeo na Casa Amarela. Foi ministrado pelo saudoso e inesquecível Eusélio Oliveira. Suas aulas eram verdadeiras odes à rebeldia e à sétima-arte. Ele bradava seu amor ao cinema e repúdio à inércia artística e política. Eusélio era puro movimento. E vanguarda. Seu assassinato foi mais uma perda insubstituível da arte e da retórica. Seu legado artístico, entretanto, continua bastante vivo na Casa Amarela Eusélio Oliveira.
Lembro também da dileta companhia - apenas para citar alguns nomes, recordo agora de Jocélio leal, Luizianne Lins, Renato Abreu e Sidrônio Henrique - do Cantinho do Céu e sua cerveja gelada. Das calouradas e dos festivais na Casa Amarela.
A decisão de inclinar-se às letras jurídicas sempre me pareceu o fim de um sonho, de certa forma uma capitulação. Mas, hoje percebo que não o foi tanto assim. Minha militância no direito administrativo revela um pouco da mesma contestação que eu desejava ver alavancada através do cinema. O Estado - lato sensu, em atitudes omissivas e comissivas, pisoteia sua própria Constituição. Daí a inclinação à minha atual advocacia.
Dos idos da época do curso de Comunicação Social na UFC e da Casa Amarela, muitas recordações.
Eu até gostaria de retornar a tudo isso, não fosse o fato de nunca ter saído de lá...
E la nave va...
Lendo o blog do Primo Jung, vejo que é latente sua saudade da velha Salamanca. Zapeando ao mais charmoso site-em-blog da web, leio sobre a saudade da Prima Dorothy, de Oz. Claro que não é a mesma Oz do célebre filme de 1939, mas peço vênia à licença poética.
Assim sendo, eu embarco também, em meio à pilha de alfarrábios e papéis que avolumam-se em minha mesa na tarde de hoje, nas doces recordações da época em que meu desejo maior era cursar Cinema. De preferência, em Cuba.
Por vários motivos, o desejo de tornar-me um cineasta não se concretizou. Veio então o curso que me pareceu mais ligado às minhas inclinações profissionais, Comunicação Social na UFC, iniciado em 1991. Na mesma época, fiz vários cursos de cinema através da Secretaria de Cultura do Estado. O primeiro, entretanto, foi Cinema e Vídeo na Casa Amarela. Foi ministrado pelo saudoso e inesquecível Eusélio Oliveira. Suas aulas eram verdadeiras odes à rebeldia e à sétima-arte. Ele bradava seu amor ao cinema e repúdio à inércia artística e política. Eusélio era puro movimento. E vanguarda. Seu assassinato foi mais uma perda insubstituível da arte e da retórica. Seu legado artístico, entretanto, continua bastante vivo na Casa Amarela Eusélio Oliveira.
Lembro também da dileta companhia - apenas para citar alguns nomes, recordo agora de Jocélio leal, Luizianne Lins, Renato Abreu e Sidrônio Henrique - do Cantinho do Céu e sua cerveja gelada. Das calouradas e dos festivais na Casa Amarela.
A decisão de inclinar-se às letras jurídicas sempre me pareceu o fim de um sonho, de certa forma uma capitulação. Mas, hoje percebo que não o foi tanto assim. Minha militância no direito administrativo revela um pouco da mesma contestação que eu desejava ver alavancada através do cinema. O Estado - lato sensu, em atitudes omissivas e comissivas, pisoteia sua própria Constituição. Daí a inclinação à minha atual advocacia.
Dos idos da época do curso de Comunicação Social na UFC e da Casa Amarela, muitas recordações.
Eu até gostaria de retornar a tudo isso, não fosse o fato de nunca ter saído de lá...
E la nave va...
terça-feira, setembro 3
UTÓPICOS E PLATÔNICOS:
Amores...
Hoje, peço vênia, faço minhas as palavras de Quintana e Bandeira:
"Se as coisas são inatingíveis -ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas"
(Mário Quintana - "Das Utopias")
"Não te doas do meu silêncio.
Estou cansado de todas as palavras
Não sabes que te amo ?
Pousa a mão na minha testa :
Captarás numa palpitação inefável
O sentido da única palavra essencial
-- Amor."
(Manuel Bandeira - "Pousa a Mão na Minha Testa)
Post Scriptum: Os versos transcritos acima hão de encontrar, dentre os leitores deste anômico blog, quem deles melhor se aproveite.
Amores...
Hoje, peço vênia, faço minhas as palavras de Quintana e Bandeira:
"Se as coisas são inatingíveis -ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas"
(Mário Quintana - "Das Utopias")
"Não te doas do meu silêncio.
Estou cansado de todas as palavras
Não sabes que te amo ?
Pousa a mão na minha testa :
Captarás numa palpitação inefável
O sentido da única palavra essencial
-- Amor."
(Manuel Bandeira - "Pousa a Mão na Minha Testa)
Post Scriptum: Os versos transcritos acima hão de encontrar, dentre os leitores deste anômico blog, quem deles melhor se aproveite.
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