segunda-feira, janeiro 15

Paisagens - O relógio marcava cinco e trinta. À minha frente a imensidão do verde e bravio mar alencarino. Atrás, vários metros distante, a Beira-mar podia ser vista entre uma onda e outra que passava pelo meu corpo. A idéia do treino-travessia havia surgido algumas dezenas de minutos antes, a fim de aproveitar o pouco tempo vago da loucura cotidiana. E entre as vagas marinhas lá estava eu a cruzar as praias do Ideal e de Iracema, enquanto buscava margear o espigão que pontua e divide as duas praias. O percurso é pequeno para quem está acostumado a treinar para travessias: cerca de 2.200 metros. Mas o que me chamava a atenção é o espetáculo da natureza que sempre surpreende, até mesmo aqueles que já deviam ter se acostumado às paisagens incríveis que tantos treinos outdoor propiciam. O sol se punha por detrás da Ponte dos Ingleses e eu podia observar entre os vagalhões marinhos que me sacudiam o corpo cansado, toda a beleza da orla cearense, ali, numa localização privilegiada e solitária. Nesses momentos, é recomendável se reduzir o ritmo e por alguns instantes contemplar o que temos de tão indelével, ainda. A poucos metros, que pareciam zilhões de kilômetros, há uma Cidade que pulsa incessantemente, amontoada em problemas que parecem inesgotáveis. Mas a barreira imaginária entre os dois mundos parecia separar o caos daquele ponto minúsculo do atlântico, que se percebia menor ainda ante o epílogo solar. Um corpo cansado porém num repouso quase absoluto. Eu não tinha uma máquina digital naquele momento, claro. Por isso me utilizo destas vagas linhas a fim de buscar retratar os matizes quase inenarráveis daquela tarde próxima passada...
E La nave va...

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Porque escrevo

Cada um tem a sua terapia. Há os que correm, pintam, cantam... Minha maior terapia é escrever. Posso ser o que sou, o que nu...