sexta-feira, junho 20



Há Mares & Normas - No rumo do escritório, me deparo com uma placa de trânsito. No meio do caminho, havia uma placa.
Atrás de mim, o verde mar infinito de Iracema. À minha frente, uma placa me desafiava a estacionar o carro no exato ângulo de 45 graus. O embate entre o frio concreto e o acolhedor calor oceânico que se observam e digladiam-se tacitamente. Eu, a tênue linha que os separa. Amor e ódio.
Não, nada existe em nosso claudicante ordenamento pertinente ao trânsito que me obrigue a andar com um esquadro, régua ou outra coisa que o valha para medir o ângulo de estacionamento do veículo.
Definitivamente, foi por isso que larguei tudo e mergulhei nos verdes mares da vida, pois há mares nessa dura caminhada. E se amares, mesmo à caminhadura, nada mais nos importa.
Sempre há um chato por detrás de uma norma. E todos têm os seus orgasmos quando publicam penduricalhos nas paredes mofadas dos seus desertos, nos ensinando - e obrigando - a desligar uma determinada luz, fechar uma certa porta, jogar um papel ao cesto, ou mesmo estacionar nossos carros à inclinação de 40 e poucos graus. Degraus para o paraíso, quanta saudade!
Pois a medida do homem, como já vaticinava o Mestre Soares Feitosa, é o homem despido de coisas. É o norte da vida, emoldurado na ausência de pacotes, reais ou abstratos.
E nesses dias em que estive ausente, as verdes águas do mar infinito me abraçavam...

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Cada um tem a sua terapia. Há os que correm, pintam, cantam... Minha maior terapia é escrever. Posso ser o que sou, o que nu...