segunda-feira, agosto 5

Show da Rubber sexta à noite no Empire foi o prenúncio de um ótimo fim-de-semana. Foi, como sempre, catártico. Às desculpas pela insistência na palavra, reitero que o seu (deles) show está cada vez melhor. Pena mesmo é saber que o grande Régis Damasceno poderá desfalcar o quarteto em breve.
A companhia do ilustre beatlemaníaco e Sr.ª, além dos demais amigos e parentes foi um enriquecedor aditivo à noite, que restou novamente um agradável déjà vu musical, apesar de ser rara a execução de Across The Universe nos shows da banda ultimamente.

O bom vinho (tinto) Caetano chega aos sessenta anos biológicos ...e os Deuses, juntamente com o talento ímpar de Geneton Moraes Neto (sempre ele no honroso mister de extrair-lhe os melhores devaneios ) nos trouxeram ótima entrevista no Fantástico hoje de noite. É difícil estar imune a Caetano. Indagado se havia palavra a defini-lo melhor, o Baiano vaticinou: "Não." Após alguns segundos complementa:"Não, é a palavra." Caetano é saboroso... meu Margaux, Petrus predileto. Desde a Tropicália ele é vanguarda e continua a sê-lo.

Eu, um renitente poetaço e romântico deslumbrado que sou, resgato estas mal-traçadas linhas dos idos de Dezembro de 2000:


Saudades

Saudade da nesga de mar que advinha buliçosa
da brecha entre os pilares do prédio vizinho.
Saudade do beijo molhado, do enlace de corpos,
amálgama infinito num meio sem fim.
Saudade do poeta, pretérito Caetano,
não tão light nem clean.
Saudade de mim e de você,
do Jobim, do Chê, do incerto insano.
Saudade da rua, espada nua,
do sono quedado, Praia infinda.
Saudade utópica, telúrico pecado,
do conceito de Deus, além dos confins.
Saudade da réstia de vento que vinha do mar,
da vinha e do tempo a moldar o vinho.


Fortal 22/12/00
Emerson Damasceno

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentem as matérias, façam sugestões, elogios ou mesmo reclamações, troquem idéias, este é o lugar para opinar!

Os comentários não serão respondidos por email, só aqui mesmo; se quiser saber se alguém respondeu ao seu comentário, inscreva-se por email no Feed de comentários do artigo, ou então: VOLTE SEMPRE!

Porque escrevo

Cada um tem a sua terapia. Há os que correm, pintam, cantam... Minha maior terapia é escrever. Posso ser o que sou, o que nu...